Luz ao fundo do túnel!

sábado, 27 de março de 2010

Para onde vamos?

Gosto muito do Bagão Félix.

É integro. Inteligente. Patriota.

Uma das coisas que ele disse hoje no Plano Inclinado foi que, para além da dívida pública conhecida, se adicionássemos toda a dívida com a previdência futura já comprometida, teríamos uma dívida pública real de perto de 300%.

Esta realidade é aterradora. É fruto de opções teóricas Marxistas. Socialistas. Não é só em Portugal. É na Europa toda com excepção do Reino Unido. Os 200% de dívida referentes à previdência, são cerca de 70% para os Britânicos.

No Reino Unido, um jovem sai de casa aos 18 anos no máximo - pelo menos era assim no tempo da minha mãe. Os pais cumpriam a sua obrigação ao dar guarida e educação até à maioridade. Para aqueles que ainda têm algumas dúvidas, a maioridade implica total responsabilidade pelos próprios actos. Esta acção ajudava as pessoas a perceberem que tinham de se preocupar com o seu futuro. Desde cedo.

Lembro-me de andar na faculdade e ter 2 empregos. De manhã ia às aulas e de tarde trabalhava numa empresa de mailing. Metia cartas dentro de envelopes. À noite trabalhava num bar. Mas vivia em casa dos meus pais. Não havia condições para morar sozinho ou mesmo com amigos. Não havia essa cultura. Ainda não há.


Conto isto porque via colegas meus da faculdade fazerem 3-4 horas de transporte diários para irem para o bar jogarem à Lerpa das 9H-17H. E não fazerem uma única cadeira. Era uma faculdade pública, sustentada por todos os contribuintes. Vi um colega meu ir de carro para a faculdade com a gasolina paga pela bolsa de estud que recebia. Porque o pai era empresário e recebia o salário mínimo como gerente. O meu irmão, hoje doutorado, concorreu a uma bolsa de estudo. Não a recebeu porque o rendimento per capita lá de casa era acima do necessário (seria preciso passar fome para se ter a dita bolsa...). E o meu amigo ia de carro...


Considerava-se a minha geração como a geração rasca. Não consigo deixar de rir ao pensar nisto...

Uma outra pessoa que conheço, virou-se para um segurança de discoteca a dizer que era engenheiro porque não o deixavam entrar... Isso é que era importante! Ser doutor ou engenheiro. Tive vergonha de estar ao lado dele nesse dia...

A culpa é dos nossos pais. Ao quererem o melhor para nós sem incutirem um sentimento de responsabilidade. De permitirem que se viva às suas custas sem se contribuir para as despesas da casa...

Aqueles que nos acusaram de ser rascas foram os culpados. E olham com nostalgia para o passado repetindo aquele princípio de frase - "No meu tempo..."

Agora, tendo atribuído as culpas, pergunto-me - como é que nós podemos esperar um futuro melhor?

Será assim tão difícil perceber que estamos numa situação de merda? Que temos que inverter as nossas prioridades se queremos ainda reformar-nos com algum conforto? Que só poderemos deixar um legado melhor para as gerações vindouras se agirmos agora? Vamos continuar com o epíteto de ser português ao chegarmos atrasados a mais um compromisso? Aquilo que vejo neste momento é que as pessoas baixaram os braços perante este desafio. Andam desorientadas. Sabem que se está mal mas não sabem o que fazer. Não têm capacidade de tomar controlo sobre a sua vida. De quererem ser melhores no que fazem.

Acho que o Medina Carreira, o Henrique Neto, o Bagão Félix e tantos outros acertaram em cheio naquilo que temos de fazer:

Antes de decidirmos como vamos chegar lá, precisamos de saber onde é que esse lá é...

 
E que os jogos se iniciem! - Diria o Nero.

7 comentários:

  1. Nuno não podia concordar mais consigo, é uma realidade à qual não nos podemos alhear. Ao quererem proporcionar-nos uma vida muito diferente da que tiveram, a maioria dos pais da nossa geração ( sim também sou da geração rasca) não souberam dar-nos responsabilidade e noções básicas de orientação. Vê-se na quantidade de pessoas que se alheiam pura e simplesmente das decisões que têm que tomar tanto sociais como politicas, assim como nas próprias decisões pessoais, é o "deixa que alguém há-de fazer" a que foram habituados pelos pais, ao serem habituados ater quem lhes resolvesse todos os problemas, as economias familiares gerem-se mal e isso expande-se a um nível maior consecutivamente. Não somos educados para as questões concretas e práticas mas para utopias pouco concretizáveis na realidade, durante a suposta educação, dá-se mais valor a um papel escrito de que a uma verdadeira acção e até nós nos vimos muitas vezes embrenhados nesta indefinição, mas à que lutar contra isso porque são as nossas vidas e as dos nossos filhos que estão em jogo.
    Desculpe lá o discurso mas não pude deixar de dar a minha opinião.

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  2. e pronto voltei a não ser muito subtil nem bem humorada mas você só fala de coisas que me põe os bichinhos da politica escondida que há em mim a mexer. =)

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  3. Bem...neste desabafo do Nuno , identifiquei algumas questões interessantes e passiveis de debate "quente"!!
    Uma geração rasca, que influenciou o futuro da mesma ao ponto de se encontrarem "à rasca"!
    Percebo, sei de que falam e concordo parcialmente!
    Somos com certeza da mesma geração!

    não culpabilizo totalmente os meus pais, nem o "sistema". Acredito que em tudo na vida , depende essencialmenete da nossa força, luta e determinação, dependendo sempre daquilo que entendemos como bom futuro, como bom emprego , como qualidade de vida!
    Obviamente que existem lacunas graves e irão persistir, enquanto for o homem a fazer politica, sabemos que quando há sentimento , há tendencia e interesse...
    exemplificando uma grande lacuna , utilizo um facto do texto do Nuno: O pai que recebe o salario minimo como gerente! Corrigindo esta frase , afirmo o seguinte; O pai DECLARA o salario minimo , mas com certeza recebe 3 vezes mais ou então menos que o salario minimo, todos nós sabemos que um gerente não´é necessariamente um individuo bem remunerado. este exemplo explica uma lacuna , apenas uma lacuna das milhentas que requerem revisão premente para ajustar o sistema!

    Mas....termino com isto: A nossa ambição deve ser um factor importante do nosso comportamento...fico por aqui!

    Um beijo aos dois!

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  4. Raquel,

    Podemos discutir a semântica se quiser. Mas não é isso que está em causa.

    Ambas reforçaram o problema: deriva.

    Ao culpabilizar os pais não faço processos de intenção. Na grande maioria é óbvio que terão feito o que fizeram por amor. O que também é óbvio é que agiram mal.

    A personalidade de cada um define a absorção da educação de que é alvo.

    Mas fiquemos pela realidade e teremos que admitir que a maioria é parte do rebanho.

    Para ir mais além, entraria pela teoria da conspiração e as verdadeiras razões pelas quais não se busca a felicidade real, mas apenas uma imagem dela.

    Voltando à realidade imaginada e não real, a verdade é que temos de pôr este país em andamento acelerado. Para podermos competir neste mundo global. E para isso temos que saber onde está o nosso objectivo. Definindo isso, será facílimo saber como chegar lá!

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  5. NuNo: assim muito rápidamente, porque tenho que servir o almoço e estender a roupa, antes que o sol fuja.

    O grande mal do nosso país, tem um nome! Egoismo!

    Nós pensamos de uma forma muito "pequeenina".....miudinha e normalmente, reclamamos mais do que fazemos, por isso fazemos "avaliações" de uma forma muito individualista...

    tenho que ir ...

    Bom Domingo

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  6. Raquel,

    Essa explicação também já dei quando criei o blog e expus as razões de ser do mesmo...

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  7. então estamos de acordo que essa é a forte, grande razão de nos encontrar-mos neste "estado" de providencia e não previdencia, certo?

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