Luz ao fundo do túnel!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Escravidao!

Eu so queria ter uma cabana na orla da floresta. Donde retiraria o meu sustento. Umas armadilhas para cacar uns coelhos. Talvez conseguisse acertar num veadito com uma flecha. Fruta. Poderia plantar umas alfaces no meu jardim.

A cabana seria construida por mim. Num terreno que a Natureza gentilmente me cederia. Nao seria uma cabana de 10 assoalhadas nem a sala teria 50 ou 60 metros quadrados.

Seria uma vida dura de certeza. Mas nao me transtornaria...

Mais me transtorna a ideia de ficar 30 ou 40 anos endividado para poder ter um T1 ou T2. Num terreno que a Natureza nao cedeu a ninguem. Mas que alguem, que teve a sorte de nascer antes de mim, apropriou. Estilo usucapiao.

Eu sei que este malfadado proprietario nasceu umas centenas de anos antes de mim. Mas quem lhe conferiu o direito de se tornar proprietario?

Eu sei que o Estado de um pais seria, por defeito, o proprietario desse terreno. Mas com que direito?

Tambem sei que nao vamos discutir com os coelhos ou os veados se se importam que eu faca uma casa naquele terreno.

Quando foi que nos deixamos enredar neste dilema?
Quem tera sido o primeiro proprietario?
Quem lhe cedeu esse direito?
Porque esse direito sera sucessorio?

Estas perguntas levam-nos a outras...

Nao terei eu iguais direitos de possuir um terreno para construir a minha habitacao que o resto da populacao humana?
Como se pode admitir que alguem tenha duas ou mais habitacoes quando ainda existe quem nao tenha nenhuma?
Porque o filho de um proprietario herda as propriedades dos pais? Que fez ele para o merecer?
Nasceu no seio daquela familia. Teve mais sorte que eu?
Mas o direito nao define a sorte como justificacao das diferencas, pois nao?

Estas interrogacoes sao extremamente chatas. Levam a mais ainda. Poderei eu terminar a ronda das questoes e passar as respostas?

Se a sorte nao e justificacao para a falta de direitos iguais, porque persistimos nos num erro social de tao vasta dimensao?
Quando procuramos "evoluir" socialmente, porque sera que comecamos pelo fim?
Se os conceitos existentes estao incorrectos, sera melhor resolvermos o problema corrigindo-os ou sera melhor comecarmos do 0 e progredirmos a partir dai?
Sera que sou um pobre coitado sem respostas para as minhas questoes?

Sera que algum dia atingiremos um ponto social em que seremos capazes de usar apenas aquilo de que necessitamos?
Sera que esse ponto social sera um ponto de ruptura?
Sera que algum dia seremos liderados por pessoas de bem e com capacidade para perceber as injusticas a que somos sujeitos pelo nascimento inadequado, causado pelo seio familiar, local do globo, cor da pele, etc.?
Sera que as pessoas que nao possuem serao capazes de se sentirem felizes por virem a possuir apenas aquilo de que necessitam?
Sera que serao capazes de se aperceberem, algum dia, do que verdadeiramente necessitam?
Sem inveja, gula, desprezo pelos demais, egoismo e outros adjectivos igualmente agradaveis? (Ja ca faltava o sarcasmo...)

Nao sou comunista. Nao sou socialista. Nao sou social-democrata.
Nao sou monarquico nem republicano.

Sou apenas um pobre coitado sem respostas para as suas interrogacoes...

Oops! Respondi a uma das minhas questoes...

E que os Jogos se iniciem! - Diria o Nero.

3 comentários:

  1. Gentilmente te cederia... hum...e como apuravas isso? A cedência gentil. A pobre não fala, age mas leva tempo. Mas é como tudo na vida, alguém começou e a coisa instituiu-se, tal como certas palavras serem asneira. Quem é q instituiu isso, cuaralho?

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  2. Como tudo o que a Natureza nos cede e de forma silencios e gentil pois e ela que nos permite subsistir do que ela nos da.

    Em relacao ao resto, cabe-nos a nos sermos capazes de perceber onde e como tudo comecou. Mas acima de tudo, o que importa e parar, escutar e olhar! E perceber que esta errado. E arranjar uma solucao!

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  3. Como diz um provérbio chinês: O homem que sabe o que é suficiente terá sempre o suficiente

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