Luz ao fundo do túnel!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O aborto

Não gosto de discutir este assunto. Não sou religioso embora também não seja ateu. Também não sou mulher e como, por princípio, sou contra limitações da liberdade, tenho dificuldade em ultrapassar a discussão de alma e não-alma que turva esta discussão completamente impossível de se esclarecer.
O que me interessa discutir, depois de ter ouvido um documentário numa rádio, é que há muitas mulheres que fazem aborto por questões unicamente financeiras. Quem conhece alguém que já tenha interrompido a gravidez voluntariamente, sabe que as consequências psicológicas para a maioria das mulheres são muito difíceis de ultrapassar. Leva tempo a sarar a ferida se é que algum dia realmente sara.
E custa-me, sinceramente, ouvir que uma percentagem elevadíssima das mulheres o faz por questões económicas. Porque não querem que o filho tenha uma vida de necessidades não preenchidas, que os outros filhos passem necessidades por causa do irmão(ã) que já (não) virá. Abortar porque se poderá ter um filho com malformações mentais ou físicas consigo compreender. Implica, na maioria dos casos, um sofrimento intenso para a criança que nunca se integrará, assim como para os pais e familiares. Mas porque não haverá dinheiro para o vestir e alimentar? Para lhe dar um abrigo? Compreendo as mães que o fazem. Mas não consigo compreender uma sociedade que chegue a este ponto. Onde uma mulher sinta necessidade de fazer uma coisa que a magoa profundamente porque esta sociedade vive em volta do dinheiro.
Mais uma acha para a fogueira do paradigma que se devia discutir: será esta a sociedade que queremos?

2 comentários:

  1. Caro Nuno,

    Ainda bem que decidiu falar neste assuto, apesar de admitidamente nao gostar de o discutir.

    Permita-me, no entanto, questionar a seguinte passagem:

    "Abortar porque se poderá ter um filho com malformações mentais ou físicas consigo compreender. Implica, na maioria dos casos, um sofrimento intenso para a criança que nunca se integrará, assim como para os pais e familiares."

    Além de falso (pergunte a pais e filhos nessas condiçoes) e extremamente reductor (como o é querer limitar-se a felicidade de alguém nesta base), parece-me um argumento francamente perigoso, nao tao longe assim das teorias eugénicas.

    Cumprimentos
    Felipe

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  2. Caro Felipe,

    Antes de mais seja bemvindo!

    A minha afirmação não é redutora. Apenas refiria-me aos pais que assim optam. Não considero incorrecto, obviamente, aqueles pais que optam por ter as crianças sabendo de antemão o que lhes espera. Mesmo quando não têm a noção real do que lhes espera. A minha referência é à compreensão da atitude de o fazer.
    As teorias eugénicas são questões de princípio que eu abomino e não estão, de modo nenhum, relacionadas com uma decisão destes pais que apenas se sentem incapazes de encarar uma vida de sacrifício. Por muito que hajam pais que digam que o sacrifício é recompensado, a verdade é que nem todos são iguais. Daí eu compreender os que decidam pelo aborto. Não faço considerações morais neste caso. É uma decisão demasiadamente pessoal. Aliás, como em todos os casos, é sempre uma decisão pessoal.
    O que me choca e revolta, verdadeiramente, é que a questão financeira possa estar envolvida. Que alguém possa decidir por causa de uma questão tão efémera que no entanto se torna tão importante na forma como a nossa sociedade está alicerçada.

    Uma das minhas lutas é contra a influência da questão financeira na forma como o ser humano, animal social, se relaciona nesta sociedade artificialmente colada.

    Se tiver em conta que 95% dos crimes cometidos são de origem económica, que todas as guerras são causadas por questões económicas, que o egoísmo tem a propriedade como foco central, logo questões económicas, acrescento apenas mais uma: o aborto. Ou como as pessoas a favor do mesmo a chamam, a interrupção voluntária da gravidez. IVG. Como se chamando invisual a um cego o faça ver mais. Uma verdadeira hipocrisia.

    Esta luta é inglória. A maioria das pessoas não consegue imaginar uma sociedade sem dinheiro. Sem propriedade. Sem stress. É incutida desde o momento em que nascemos.

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