Luz ao fundo do túnel!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O civismo do portuguesinho!

Gostaria nesta altura de dizer que estou apenas a discutir o portuguesinho e não os estrangeirinhos. Para já, contentar-me-ia se algo mudasse em Portugal. Os estrangeiros que arranjem o seu blogue!!

Uma das características mais marcantes do portuguesinho é a total ausência de civismo.

Para enquadrar: numa sociedade livre, isto é, um conjunto de pessoas que interagem umas com as outras livremente, todos têm os seus direitos. Aqui termina a definição para o portuguesinho!

O resto dos portugueses sabem que têm a parte "chata" a acompanhar: os deveres. Porque é que coloco as aspas em "chata"? Para que, caso haja algum portuguesinho a ler este blogue por engano, ele consiga apreender um conceito totalmente novo: deveres cívicos.

Todos os dias nos deparamos com situações que nos deixam a pele arrepiada, que causam um calafrio pela espinha acima, que nos colocam o cabelo em pé como se tivéssemos colocado os dedos na tomada eléctrica:

- A pessoa que deita o lixo para o chão: "Não é para isso que pagamos um almeida?" dirá o portuguesinho;

- A pintura, vulgo grafite, na parede exterior de alguém: "Sou um artista!" dirá outro portuguesinho;

- O estacionamento numa passadeira ou em segunda fila. "É só um bocadinho, que eu já venho!" (já assisti a um portuguesinho a dizer isto a um polícia. Ainda bem que o polícia não era um portuguesinho e deixou-lhe uma recordação pelo "bocadinho" hehe)

- Os cães que poluem as ruas com os seus dejectos quando passeiam um portuguesinho. Onde habito não há tantos dejectos na rua... estão no jardim em frente que a junta de freguesia local tenta arranjar de vez em quando. A dita junta colocou um caixote para o respectivo desperdício animal junto ao jardim. Esse caixote tinha também sacos de plástico para os de memória mais curta. Os sacos desapareceram mas o caixote continua misteriosamente vazio...

- A conversa que continua entre dois empregados de balcão enquanto o cliente espera (mais frequente no atendimento público, mas não muito mais). "Também esperei 9 meses para nascer!" (Quem é que ainda não ouviu essa??)

- O cuspir para o chão (a minha pobre mãe estrangeira arrepia-se cada vez que o vê) com um som gutural e assustador que não consigo reproduzir aqui! "É porcaria e tem de sair! Não vou engolir esta porcaria"

- A porta do local com ar condicionado que teima em ficar aberta...

- A publicidade colocada no correio que misteriosamente abre a caixa e salta para o meio do chão, tal qual o Houdini.

- O sujeito(a) que passa à frente na fila e que responde sem qualquer tipo de ar culpado: "Desculpe mas não reparei que havia fila!" olhando para as 20 pessoas que estão todas umas atrás das outras, coincidentemente em frente ao local onde se encontra a pessoa que ele queria que o atendesse.

Estes são alguns dos, provavelmente, milhares de exemplos possíveis (já assisti a todos estes e muito mais!)

Há uma forma disto mudar: todos temos que interiorizar que o que é de todos também é nosso! E para aqueles que não se importam de estragar o que é seu, salientar que é feio estragar o que também é dos outros, mesmo quando se está sozinho!
Também temos que exigir aos prevaricadores que mudem de atitude! De nada adianta pensarmos que uma dada acção ou atitude é errada ou feia se não o salientarmos a quem a tem!
Não podemos ter vergonha de chamar a atenção a quem assobia para o lado num transporte público quando uma pessoa que mal anda não tem lugar sentado. Já ouvi pessoas dizer que é para isso que existem os "lugares para deficientes, idosos ou grávidas" e, embora têm razão, não devem ficar à espera que a pessoa a cometer o erro aja. Não vou ficar sentado até a pessoa em dificuldades cair. Cedo-lhe o meu lugar e, se não tenho lugar para ceder, chamo a atenção a quem está indevidamente sentado. Tenho a certeza que pensarão duas vezes antes de agir incorrectamente numa próxima vez, nem que seja não ocuparem um lugar que alguém terá o direito de exigir!
Nós os cívicos, que cumprimos conscenciosamente os nossos deveres, devemos exigir os nossos direitos também!
Eu tenho o direito de caminhar por uma rua e, sem olhar para o chão, não ter medo de pisar uma caca de cão. E, acreditando que não sou o único, já tenho feito verdadeiras gincanas por estas ruas.
Tenho o direito de ser atendido imediatamente numa urgência de hospital, em vez de assistir a 12 pessoas na conversa (incluindo o chefe) atrás do balcão de atendimento, (dei-me ao trabalho de contar) enquanto tentava arranjar uma posição para que a dor de uma cólica renal abrandasse por alguns instantes. Sim, também me aconteceu. Ninguém me contou. Acredito que a minha "sorte" foi lá estar com a minha mulher, que me levou para longe e voltou para me inscrever na dita urgência! Digo isto porque ia pedir o livro de reclamações antes de me inscrever, tal era a minha fúria! O medo da minha mulher (e o meu também quando ela me chamou a atenção ao facto) de eu ficar numa lista de espera inexistente até desmaiar de dor, fez com que eu não reclamasse. Depois de duas horas de atendimento, já só queria era ir para casa e com esta oportunidade perdida para reclamar, não ajudei a melhorar um serviço que todos sabemos ser deplorável.
Tenho o direito de ter um eco ponto ao pé de casa sem que este seja queimado por uns "brincalhões" como já o foi por diversas vezes!

Eu já comecei. Costumava ficar calado se visse algo com que não concordasse. Encolhia os ombros e comentava com um amigo a falta de educação/civismo a que havia assistido. Não fico mais. Não sou o Manuel Alegre mas a mim ninguém me calará enquanto assisto a um acto de portuguesinhoismo. Não adianta dizermos que não voltaremos ao restaurante em que fomos mal atendidos. Só prejudicamos o dono e não o empregado que age mal nas costas daquele. Temos de reclamar os nossos direitos a um bom atendimento. A ruas limpas. A passadeiras e passeios desimpedidos.

Estamos em guerra contra o portuguesinhoismo!! E não podemos dar a outra face. Já basta uma mão marcada dum lado! Devemos dizer aos portuguesinhos que não nos pisarão os direitos.

Temos que erradicar, e isto exigirá muita persistência, o constante pisar dos nossos direitos.

Temos de dar o exemplo ao cumprirmos com as nossas obrigações e deveres. E um dos deveres que temos é o de exigir os nossos direitos!!!!!

Em resumo: temos de ajudar o portuguesinho a crescer!

E que os jogos se iniciem! - diria o Nero

1 comentário:

  1. Portuguesinhoismo foi a palavra do dia. Gostei. Não tendo significado nos almanaques da lingua Lusa, ainda assim consegue englobar tudo o há de pequenino e mesquinho no nosso povo. Coisas simples como o conduzir em parques subterrâneos com os faróis apagados (sem dúvida para poupar na conta de electricidade ao fim do mês). Quando perguntamos ao portuguesinho "porquê", a resposta é invariávelmente a mesma: "mas porque é que hei-de acender as luzes, se eu estou a ver tão bem"? Dá vontade de responder com um galanteio... "seu inergúmeno"! Mas manda a boa educação que não desçamos ao mesmo nível; e lá tentamos, com bons modos, explicar que a luz também faz com que os outros nos vejam, o que é bastante mais importante do que o facto de nós vermos ou não! Mas se o portuguesinho não consegue abarcar conceitos tão básicos, queres que compreenda que se devia baixar e apanhar caca de cão do chão??? Pior: ainda olham para ti de lado, com desdém, quando te vêem fazê-lo! Portuguesinhoismos!

    ResponderEliminar