Luz ao fundo do túnel!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bancos

Como os bancos funcionam:

Nós vamos a um banco qualquer e depositamos €10.000,00. O banco guarda o nosso dinheiro e paga-nos uma quantia em juros. Cobra-nos um valor para o utilizarmos (nem que seja pelo cartão multibanco). Querem taxar uma quantia de cada vez que o leventarmos num terminal multibanco. Foram eles que implementaram e encorajaram este sistema de modo a pouparem muito dinheiro em pessoal e sucursais. Tornam a nossa vida mais "fácil" para depois nos cobrarem por isso. Estranho? Claro que não. Primeiro tornamos as pessoas dependentes e depois começamos a cobrar por essa dependência. Os traficantes de droga também o fazem...

Nós vamos a um banco qualquer e pedimos €100.000,00 emprestados. O banco tem lá depositados €11.111,11 (mínimo obrigatório por lei - racio de 9:1). O banco assina um contrato connosco onde nós afirmamos uma promessa de pagamento do valor pedido, acrescido de uma taxa de juros. Dependendo do objectivo para o qual iremos precisar do dinheiro, o banco irá receber (lucro) um valor pelo menos equivalente ao montante que nós pedimos. Ou seja, após o pagamento do valor total, o banco terá recebido pelo menos €200.000,00. É lucrativo? Claro que sim. Lucro é mau? Discutível, mas não é isso que me interessa neste momento. O que verdadeiramente me interessa é saber o que o banco nos emprestou:

O banco tinha €11.111,11
"Emprestou-nos" €100.000,00
Balanço €11.111,11 - €100.000,00 =  - €88.888,89

Hmmm
De onde apareceram esses quase 90 mil eur negativos??

Do ar!

Quando nós pedimos os 100 mil eur, o banco limitou-se a abrir uma conta em nosso nome com 100 mil eur negativos. Isto é, nós somos devedores de 100 mil eur. E passou um cheque que vale "a promessa" de nós lhe pagarmos essa dívida, com a qual nós fomos comprar, por exemplo, a nossa casa.

Que é que o banco nos emprestou? NADA! Rien. Nicles. Zelch. Nothing.

Comparativamente:

Um amigo vem pedir-nos €1000,00. Nós só temos €100,00. Passamos um papel a dizer que vale os tais mil euros e cobramos ao nosso querido amigo, €1200,00 (hoje estou generoso!) e o nosso amigo lá vai comprar os seus sapatos Armani! E nós ainda temos os €100,00!! E o nosso amigo paga-nos €100.00 por mês! Para o mês que vem emprestamos a outro amigo, pois já temos mais €100,00! Não é bom termos tantos amigos?

Fantástico!

MAS! Como nem todos os nossos amigos são de confiança,  vou-lhes pedir uma garantia. Se não me pagarem o que me devem (que nunca tive!) a LEI permite-me sacar-lhes a casa (o nosso amigo vive num bairro pobre!).

Depois de vários empréstimos, já temos muito dinheiro, mas os nossos amigos estão a chegar ao fim da dívida. Como poderemos nós fazer para que eles continuem a pagar? Incentivamos ao consumo! Não têm dinheiro? Não faz mal que nós emprestamos!!

Não é lindo este sistema?

E nós? Não somos uns tótós do caraças? Quem é que não quer fazer o mesmo?

Pois... não nos deixam fazê-lo... é só para alguns...


Adenda: Algumas correcções devem ser feitas. Embora não mudem a ideia global da mensagem constituem diferenças substanciais que permitem compreender melhor o sistema.

O banco a quem pedimos emprestado o dinheiro tem de ter, por lei, mais valor depositado do que valor emprestado. MAS! Como todos os bancos funcionam numa rede, os valores emprestados por uns são os depósitos noutros. Outra correcção importante é que o banco pode emprestar até 9 vezes o valor depositado por ele no Banco Central(BC). Quando recebe um valor de outro, apenas poderá emprestar 8/9 desse valor. Ou seja, se receber 10 mil euros, poderá emprestar €8.888,89, o banco que receber esse valor poderá emprestar €7.901 e por aí adiante, chegando a perto dos €100mil. Tudo de um depósito inicial no BC no valor de €1.111,12.

 
E que os Jogos se iniciem! - diria o Nero.


11 comentários:

  1. Huuummm.... mas se fores tu, Zé Ninguém, a fazer esses empréstimos aos teus amigos, vêm os Srs. que mandam e levam-te preso. Lembras-te da D. Branca? Boa Sra, só queria ajudar os amigos...
    Os bancos fazem o que fazem, porque podem. Mais nada. Moral não entra no esquema de lucrar. Não se ganha dinheiro com escrúpulos. Ou estou errada???
    Welcome back, by the way! ;o)

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  2. As questões que quero levantar aqui são, em primeiro lugar, os tais escrúpulos (ausência de) de que falas e, em segundo lugar, o porquê de ser necessário o dinheiro.

    Há uma tribo de uma das ilhas do Pacífico, que não tem no seu léxico a palavra "trabalho".
    Eles vão pescar, vão fazer uma fogueira, vão cozinhar, vão dançar, etc, etc.

    Uma história que ouvia há uns tempos, era de um grande gestor americano que passava férias no México. Estava um dia a pescar e perguntou ao dono da embarcação o que fazia durante o dia. O mexicano respondeu que de manhã ia pescar, à tarde tirava uma sesta e à noite ía conversar com os amigos. O americano começa a explicar-lhe que se em vez de ele fazer a sesta durante a tarde, poderia pescar mais. Depois, com o lucro maior poderia comprar um segundo barco. Depois ia aumentando até ter uma frota de pesca. Depois podia ir para Nova Iorque e colocava a empresa na bolsa e faria milhões. Depois poderia se reformar. Nisto o mexicano pergunta-lhe quanto tempo levaria até conseguir chegar até esse ponto. O americano responde-lhe que cerca de 20 a 30 anos. O mexicano pergunta-lhe então o que faria quando se reformasse. O americano responde-lhe que ele poderia voltar para o México e ir pescar de manhã, à tarde dormir uma sesta e à noite conversar com os amigos...

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  3. O Banco empresta dinheiro, dinheiro esse com que tu pagas a casa ao construtor, certo? Não pagas ao construtor com ar nem com nada. Pagas com dinheiro! Ou nem chegas a entrar em casa!

    Caso queiras 100.000 euros e o banco só tenha 10.000, o que faz é pedir, a outro banco, emprestado os 90 mil que faltam, pagando uma determinada taxa por isso. Como a taxa que te cobra pelos 100 mil é maior, está safo desde que tu pagues porque tu cobres o custo dele e ainda lhe sobra dinheiro. É assim que ganham. Muito mais ganham quando não necessitam pedir emprestado e têm capital próprio. Se multiplicares isto por 1 milhão de pessoas...

    O chato é se tu não pagas. Nesse caso o banco também não paga ao outro banco e é uma chatice, compreendes? Se multiplicares isto por 100 mil pessoas é uma chatice das grandes!

    O que quer que seja que estás a tentar explicar, tem as contas mal feitas, daí que não seja muito fácil perceber onde queres chegar.

    Um banco é um negócio como outro qualquer.
    Não há falta de escrupulos nisso.
    A falta de escrupulos, nisto ou em qualquer coisa, é quando as pessoas dão a volta à lei para tirarem beneficios particulares disso.
    Mas não é disto que falas...

    Já agora, a Dona Branca até pode ter começado com umas ideias boas e tal mas chegou a um ponto, dada a sua falta de organização e controle sobre a situação, que tomou proporções demasiado grandes, onde aquilo começou a ser um buraco. Daí ter acontecido o que aconteceu. Ela não foi presa, na sus essencia, por emprestar dinheiro e cobrar juros mas pela fraude que se seguiu, ou seja, quem emprestava a ela para ela emprestar a outros, ficou a arder...
    No fundo, o problema inicial de tu não pagares o teu emprestimo ao banco...

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  4. Miguel,
    Faz o teu trabalho de casa. Os bancos pedem dinheiro emprestado para terem dinheiro suficiente para poderem aplicar o tal ratio de 1:9. Não há depositantes portugueses suficientes para emprestarem dinheiro de outra forma. Abre os olhos e investiga.

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  5. O teu trabalho de casa deu que pedes o dinheiro emprestado, eles dão-te nada e com essa nada pagas a tua casa ao construtor?

    No meu não deu isso!
    Desculpa lá!

    Os bancos pedem dinheiro emprestado quando precisam, seja para o ratio, seja para o que for... Claro que não é suposto ficarem a zero. Por isso é que é estranho (não é mas devia ser) que nos casos do BPN e do BPP não se tenha percebido o que estava a acontecer!

    E agora vou ali rever a teoria da conspiração, só porque tem a julia roberts...

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  6. "Os bancos pedem dinheiro emprestado quando precisam, seja para o ratio, seja para o que for..."

    O TPC não foi feito.

    "Por isso é que é estranho (não é mas devia ser) que nos casos do BPN e do BPP não se tenha percebido o que estava a acontecer!"

    O que é estranho é ver o prémio. Vice-governador do BCE. Mas mesmo, mesmo estranho, é ver grandes mentes financeiras fazerem o mesmo em vários países, principalmente nos EUA. Estranhíssimo de uma forma brutal, é que houve diversos avisos, dos quais os do congressista Ron Paul são os mais vigorosos, que foram ignorados. E continuam a sê-lo. Mesmo quando a equipa do Tim Geitner e da Reserva Federal Americana são compostas por ex-membros proeminentes da Goldman Sachs (maior detentora dos toxic assets). Sim. Eu faço o meu trabalho de casa. Mas se quiseres ver a Julia, força. Há muitos filmes por aí com muita informação pertinente.

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  7. O meu trabalho de casa não tem obrigatoriamente de ser o teu. Provavelmente eu faço trabalhos de casa melhores noutras disciplinas... A vida é mesmo assim.

    De qualquer maneira acho o teu trabalho de casa fraco porque ainda não me explicaste como pagavas a tua casa com... nada! Essa teoria sim, interessa-me bastante porque eu queria pagar a minha assim.

    Quanto à 2ª parte, pelos vistos tu, que fazes trabalhos de casa muito aplicados nesta disciplina, surpreendes-te mais que eu, que nem sequer é da minha area.
    Tudo é um jogo de interesses, como aliás tu dizes. Surpreendes-te porquê? Quem colabora, ao alto nivel, é premiado ao alto nivel!

    A julia roberts eu quero ver sempre...

    ;)

    (a verificação de palavras é uma seca)

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  8. "Provavelmente eu faço trabalhos de casa melhores noutras disciplinas... A vida é mesmo assim."

    Ninguém aqui está a discutir isso. É uma afirmação sem interesse e tu tens consciência disso.

    "De qualquer maneira acho o teu trabalho de casa fraco porque ainda não me explicaste como pagavas a tua casa com... nada!"

    Não leste a mensagem. Ou se leste e se por um lado afirmas que eu fico surprendido, por outro lado demonstras incapacidade ou desinteresse para analisares a informação que é transmitida. Mesmo que seja falsa. Infelizmente já deixei de ficar surpreendido há muito tempo. Não deixo de ficar frustrado com muitas das coisas que continuam a acontecer. Que, cada vez mais, são mais óbvias (ou eu estou mais atento) e continuo a ver as pessoas demasiado adormecidas. Sem energia para mudarem o paradigma que é a sua vida.

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  9. Que paradigma é esse?

    Tem a ver com a capacidade de conseguir fazer este trabalho de casa em particular. Eu vou até onde sei e isso já é muito mais do que seria expectável.
    Dá-me para pereceber alguma coisa.

    Se tu sabes mais mas não transmites essa informação a quem te lê, de forma às pessoas perceberes, a culpa será delas?

    Não perceber uma explicação pode ter 2 razões de ser: deficiente comunicação ou deficiente recepção.
    Na maior parte das vezes, é a minha opinião, o interesse em clarificar as coisas devia estar do lado da comunicação porque, por definição, é essa a sua função.
    Se comunicas mas nada chega ao destino, de que serve a comunicação?

    E continuo à espera que me ensines a pagar a casa com nada...

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  10. "Eu vou até onde sei e isso já é muito mais do que seria expectável."

    Expectável para quem? Para si mesmo? Os limites que os outros nos colocam são, à partida, errados. Os que nos colocamos a nós próprios são acertados na perspectiva que nós somos, em última análise, os únicos responsáveis pelo nosso futuro.

    "Se tu sabes mais mas não transmites essa informação a quem te lê, de forma às pessoas perceberes, a culpa será delas?"

    Sim e não. Se por um lado posso tentar dissipar as dúvidas que surgem por informação insuficiente, por outro lado é condição suficiente dizer que existe algo de errado que despoletará uma reacção de procura da verdade.

    Quando tento transmitir algo, como o fiz neste caso, com informação que irá destruir as convenções com que crescemos e vivemos a nossa vida, não me cabe a mim mudar as pessoas que me lêem. Cabe-lhes indagar sobre a veracidade do que eu digo. E está perfeitamente ao teu alcance.

    Quanto ao quereres pagar a tua casa com nada, repito, não leste a mensagem como devias. E passo a explicar:

    Tu levas um cheque do banco a quem pediste dinheiro. Levas dinheiro? Não. Onde está esse dinheiro? Numa promessa (contracto) que fizeste ao banco de lhe pagar ao longo de um período de tempo. O banco não tem de ter esse dinheiro em depósitos. Basta que tenha 1/9 do dinheiro que te "empresta". Usando um exemplo que explica claramente o que é feito:

    Tu queres pregar um quadro na parede. Tens um quadro e tens um prego. Falta-te o martelo. Quando pedes um martelo emprestado, eu (o banco) empresto-te uma imagem do martelo. Consegues pregar o quadro à parede? Claro que não. A diferença está no facto de que o dinheiro é abstracto. Tu não levantaste o dinheiro no banco. Levaste um cheque com um valor que prometeste pagar ao banco (acrescido de juros!).

    Eu compreendo a dificuldade de compreensão do que estou a dizer. Se tiveres tempo, vê o seguinte vídeo explicativo:

    http://anti-portuguesinho.blogspot.com/2011/02/money-as-debt.html

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  11. Eu só vim aqui dizer que o novo look está giro e subscrevo o Miguel numa coisa "a verificação de palavras é uma seca"

    :))

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