Luz ao fundo do túnel!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Teoria - Parte II

Um retrato da espécie humana.


O solo está duro. Existe um homem forte que cava. Consegue plantar. Consegue sobreviver, colhendo o fruto da sua força e inegável vontade de sobreviver.


O solo está duro. Existe um homem fraco que tenta cavar. Encosta-se, suando. Descansando e olhando para o fruto do seu esforço. Nada. Olha para o lado. Está o homem forte encostado e suando. Olha para aquela paisagem verdejante que jamais irá alcançar. Olha à sua volta e vê mais dez iguais a si. Suando e esqueléticos. Estômagos inchados da falta de alimento. Dirige-se a esses dez. Convence-os, no meio da covardia individual, a juntarem-se à coragem social. Rodeiam o mais forte e obrigam-no a trabalhar. Este cava o chão de todos. O primeiro mais fraco reclama o prémio de 20 por cento da colheita de todos. Foi ele que teve a ideia! A fraqueza e covardia individual dos outros não permite-lhes negar. Esquecem-se que são 10 contra 1. São fracos. E assim os fracos governam. Sobre os fortes e os outros fracos.


Um retrato...


Como ser individual. Destruir o próximo garantido assim a sua sobrevivência no mundo hostil que o mata sozinho. Junta-se a outros para combater o mais forte para depois ser destruído por um mais fraco. Composto por um todo mais forte com mais fracos. E todos os mais fracos se juntam na destruição da sobrevivência de uma espécie forte. Tornando a espécie fraca na defesa dos direitos dos fracos perante os fortes. E os mais fracos dos fracos juntam-se na pisadela cósmica dos restantes que já são demasiado fracos para se defenderem. E assim se atinge a hegemonia dos mais fracos. Os mais espertos dos mais fracos que conseguiram a eleminação dos mais fortes para poderem subjugar os restantes mais fracos. Na sua busca pela sobrevivência tornam-se os mais fortes dos fracos. Na matança colectiva de uma sobrevivência forte.


O forte não responde. Não necessita. Já é forte e nada teme. Mas é subjugado pelo mais fraco. Pelo número dos mais fracos que se juntam para sobreviver. Até à morte do mais forte. Até à morte da espécie.


Ninguém sobreviverá neste mundo fraco. Nem o fraco que matou o forte. Ninguém o protegerá. Não saberá. Era o forte que o alimentava. Com os restos que não precisava. Dignos de um mais fraco. Nem os restos sobram. A espécie outrora forte e presentemente fraca morre porque o mais forte não lutou. Não precisava. O mais fraco não era ameaça à sua sobrevivência. Adormeceu e não acordou.


O último suspiro do fraco dá-se ao sabor de um vento que traz-lhe, sussurrando ao ouvido, a memória dos restos do mais forte. Esboça um esgar de ódio auto-mutilante.


Mais valia ter morrido do que ter matado a espécie humana!


E que os jogos se iniciem! - diría o Nero.

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